Lamentamos que não estejam no Canil Municipal de Sintra ainda reunidas as condições e verbas necessárias para que os funcionários possam melhor desempenhar as suas funções de salvar vidas e acudir ao sofrimento destes animais devido ao abandono, negligência ou esquecimento humano, e lamentamos, também, que os recursos (económicos e materiais, principalmente) necessários que pudessem aumentar as probabilidades de sobrevivência deste animal estivessem e continuem a estar ausentes no dia a dia do Canil de Sintra.
O PAN Sintra não pode aceitar que esta realidade não possa ser mudada. Os constrangimentos financeiros que se observam por um lado, fazem questionar os valores exacerbados que foram gastos pela Câmara de Sintra na Abegoaria da Quinta da Pena para turismo equestre (notícia desta semana em Sintra), e que "foi financiada pela Parques de Sintra num total de 915.875 Euros, que dizem respeito à recuperação da Abegoaria (454.430 Euros), bem como às novas cavalariças (299.135 Euros), e ainda aos depósitos e equipamentos de combate a incêndios (162.310 Euros)". Link da Notícia [aqui]. O PAN denuncia que destes valores aplicados pela Parques de Sintra (empresa de financiamento estritamente público, pertencendo uma parte dele à Câmara de Sintra), o que está em causa são os 750.000 euros que foram aplicados em áreas que não são, claramente, prioritárias, que são a abegoaria e as cavalariças, e que o Concelho de Sintra e os seus munícipes ficaram todos a perder com este esbanjamento, bem como todos os contribuintes, tendo em conta que estão em causa apenas dinheiros públicos.
Quando o turismo e o uso dos animais em Sintra para trabalho, é dotado de um investimento financeiro que vence os orçamentos das mais básicas e elementares necessidades de organizações como o Canil de Sintra, estamos perante um caso sério de desequilíbrio orçamental e ético, mas sobretudo de um esquecimento propositado em que os interesses económicos soterram e fazem esquecer os interesses da vida dos animais.
O PAN Sintra fez o que lhe foi possível neste dia trágico que levou à morte de uma égua, mas não vai parar de exigir e lutar por melhores condições para aqueles que são esquecidos, para aqueles que vivem e morrem no silêncio. A ética da vida não pode ser vencida pelos interesses exclusivamente económicos. Concordamos e apelamos para a contenção de despesas, mas não nos passa ao lado a incoerência dos gastos praticados e dos resultados no terreno que estes desequilíbrios apontam: por um lado, menos qualidade e possibilidades de vida para os animais encontrados em sofrimento, e menos condições para os funcionários que têm como trabalho a responsabilidade de salvaguardar os interesses da vida animal. Por outro lado, estes investimentos de centenas de milhares de euros, numa forte aposta da utilização dos recursos em Sintra mas apenas com vista a beneficiar alguns interesses económicos, e que na prática, pouco ou nada beneficiam directamente ou indirectamente o bem-estar e conforto dos locais e dos visitantes de Sintra, ou da sua economia, ou das suas prioridades e necessidades. Mais triste é quando, mais uma vez, é usado o cavalo, que tanto morre pelo abandono humano, como é usado como um instrumento para fazer dinheiro nas mãos humanas, tornando-se assim um caso sério e à vista, para todos os cidadãos do Concelho de Sintra lamentarem.
Sem existir ética e prioridades básicas que resultem em sinergias positivas para todos, Sintra vai continuar a investir mal o dinheiro: nas pessoas e nos animais. Os animais sofrem por passarem despercebidos, e os cidadãos ajudam a pagar a factura com os seus impostos. É esta a Sintra que queremos?
Nuno Azevedo
Candidato à Câmara Municipal de Sintra pelo PAN - Partido pelos Animais e pela Natureza