Dia 15 de Agosto (domingo), irá realizar-se em Fátima uma manifestação silenciosa entre as 08:00 e as 13:00, contra os maus tratos de animais em Fátima. O local será na Rotunda Norte, chamada Rotunda do peregrino, saída lado esquerdo da Auto Estrada. A quem quiser participar, pedimos que venham vestidos de branco ou de preto.
“Chamava irmãos a todos os animais […]”
- Tomás de Celano, Vida Segunda (de São Francisco de Assis), CXXIV, 165.
Tem sido tornado público e documentado fotograficamente o modo cruel como são tratados os animais no Santuário de Fátima, o que já deu azo a uma reportagem televisiva. Por ordem da Reitoria do Santuário, seguranças capturam regularmente todos os cães que encontram, com ou sem dono, e amontoam-nos numa gaiola nas traseiras do Santuário, onde são deixados durante dias, ao sol e à chuva, sem comer nem beber, até que a Câmara Municipal de Ourém os venha buscar para abate, dado não ter condições para os acolher e não cumprir a já antiga promessa de construir um canil/gatil municipal.
Ao serem apanhados, há cães vítimas de dolorosas agressões com foices e alguns são envenenados e abatidos no próprio local. Por outro lado, os que são recolhidos pela Câmara vivem em condições miseráveis até à morte.
Estes actos constituem uma intolerável violação dos direitos dos animais e dos nossos deveres para com eles, que, além de ser inaceitável numa nação que se pretende civilizada, é tanto mais absurda e grave por ser levada a cabo por uma instituição religiosa num lugar sagrado, destinado à elevação moral e espiritual do ser humano. Além de chocarem todo o cidadão minimamente consciente e sensível, estas acções contradizem e ofendem a fé e o sentimento cristãos, profanando com violência, sofrimento e morte um dos principais santuários católicos do mundo.
A Bíblia apresenta os animais como criaturas de Deus (Génesis, 1, 24), o que se confirma no Catecismo Católico, onde se lê que os homens devem ser bondosos para com eles, recordando o amor que lhes dedicaram São Francisco de Assis e São Filipe Néri. No mesmo Catecismo acrescenta-se ser “contrário à dignidade humana fazer com que os animais sofram ou morram desnecessariamente”. O Papa João Paulo II declarou que os animais têm alma, estão “tão próximos de Deus como os homens” e que devemos “amar e sentir solidariedade com os nossos irmãos mais pequenos”. Bento XVI afirmou serem “criaturas que devemos respeitar como companheiros na criação”.
Perguntamos à Reitoria do Santuário de Fátima se teve acesso a outra revelação ou autoridade divina que anule estas e, se não é o caso, como justifica a sua actuação perante os crentes e a opinião pública.
Sendo improvável uma qualquer justificação, além de exigirmos o fim imediato de toda e qualquer forma de maltratar os animais no Santuário de Fátima, deixamos uma proposta que nos parece uma justa e salutar forma da actual Reitoria contribuir para se redimir das ofensas contra os animais e a consciência moral dos homens: sendo públicos os crescentes e elevados lucros do Santuário, que em média excedem mais de 8 milhões de euros anuais, uma pequeníssima parte desta quantia basta para construir um canil/gatil onde os animais possam viver condignamente. Será uma forma de estender a caridade cristã e franciscana aos nossos companheiros não-humanos, da Reitoria corrigir o actual caminho de transgressão dos preceitos do amor evangélico e de recuperar alguma credibilidade pública, não prejudicando mais a imagem da religião que professa.
Caso isso lamentavelmente não aconteça, solicitamos à Câmara Municipal de Ourém que cumpra a sua promessa aos munícipes e construa urgentemente um canil/gatil condigno. E exortamos todos os cidadãos, em particular os crentes católicos, para que denunciem e exijam o fim imediato desta situação escandalosa.