16.12.09

As alterações climáticas, o consumo de carne e a solução vegetariana


Até ao próximo dia 18 de Dezembro realiza-se em Copenhaga a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, momento fundamental na definição do rumo do planeta, que o Partido Pelos Animais naturalmente aplaude, sobretudo pelo envolvimento dos mais importantes líderes políticos mundiais e pela sempre positiva exposição mediática de que o tema está a ser alvo.

Contudo, e porque os olhos do Mundo se viram nesta altura para Copenhaga e para a Dinamarca, não podemos deixar de recordar os milhares de baleias e golfinhos massacrados anualmente nas Ilhas Faroé em nome de uma bárbara tradição, repudiando que práticas deste género possam persistir no século XXI perante a conivência da coroa dinamarquesa, que detém soberania sobre o arquipélago.

O Partido Pelos Animais tem acompanhado a Conferência de forma atenta e interessada e pretende por isso manifestar a sua preocupação perante a atenção quase exclusiva dedicada ao dióxido de carbono, votando à indiferença outros gases com efeito de estufa e, acima de tudo, outras possíveis soluções para as alterações climáticas. Estamos absolutamente de acordo com a noção de que a redução das emissões de dióxido de carbono é uma prioridade a que todos os países devem dedicar atenção e investimento, mas preocupa-nos a irrelevância atribuída a outros gases, nomeadamente ao metano, até por se tratar daquele cujas emissões seria, provavelmente, mais fácil reduzir.

O metano é um gás cujo potencial de aquecimento global é de 25, ou seja, cada partícula de metano contribui para o aquecimento global 25 vezes mais do que uma partícula de dióxido de carbono. Embora as emissões de metano para a atmosfera sejam consideravelmente inferiores às de dióxido de carbono, a sua influência nas alterações climáticas é determinante e está rigorosamente documentada.

Além disso, mais de metade das emissões de metano devem-se a actividades humanas, enquanto para o dióxido de carbono essa proporção é inferior a 5%. Por essa razão, a redução das emissões de metano teria um impacto muito mais significativo na sua concentração na atmosfera do que a redução das emissões de dióxido de carbono. Assim, apontar baterias para a redução das emissões de origem antropogénica de metano é tão ou mais importante para o futuro da Terra do que no caso do dióxido de carbono.

A maior fonte de metano de origem antropogénica é a agro-pecuária intensiva, em particular o sistema digestivo dos ruminantes. O consumo massivo de carne por grande parte da população ocidental alimenta hoje uma indústria altamente poluente, que além das emissões de metano contribui também largamente para a poluição dos lençóis freáticos e é responsável por 91% da desflorestação da Amazónia desde 1970 - o que por sua vez favorece também a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera.

Pelo exposto, o Partido Pelos Animais - a par de diversas organizações de todo o mundo e de Sir Paul McCartney, que discursou sobre o tema perante o Parlamento Europeu há duas semanas, acompanhado e apoiado pelo Prof. Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas - assume a sua convicção de que a melhor forma de lutar contra as alterações climáticas é promover activamente a redução do consumo de carne.

Além dos óbvios benefícios para a saúde e em termos de direitos dos animais, é hoje claro que optar por uma dieta sem carne, ou pelo menos diminuir o seu consumo, é uma das decisões individuais com maior e mais positivo impacto ambiental. Por esse motivo, cabe às entidades políticas nacionais e internacionais a divulgação clara desses dados e a sensibilização das populações para essa necessidade. O Partido Pelos Animais considera que esta questão não deveria, de modo algum, estar ausente da agenda da Conferência de Copenhaga, pelo que aqui regista a sua veemente discordância.

De acordo com o seu Manifesto e Declaração de Princípios, o Partido Pelos Animais assume o compromisso de informar os cidadãos e convidá-los à reflexão sobre esta matéria. Nesse âmbito, avançámos recentemente com uma proposta para um Dia Vegetariano por semana, à 3ª feira, confiando na adesão de todos aqueles que partilham das nossas preocupações ecológicas e com o bem-estar dos animais. Insistiremos continuamente na crucial importância deste tema, na expectativa de que não volte a ser excluído do debate político, social e mediático sobre as alterações climáticas e as grandes questões ambientais.

Quarta-feira, 16 de Dezembro de 2009

A Comissão Coordenadora do Partido Pelos Animais